PRIORIZAÇÃO DE REQUISITOS – DESAFIOS E BOAS PRÁTICAS
A priorização de requisitos é um processo central no gerenciamento de projetos, aplicável tanto em métodos tradicionais quanto ágeis. Trata-se de um exercício que demanda uma avaliação detalhada de necessidades, intenções e histórias de usuários, além de negociação com stakeholders quando surgem condições conflitantes. A priorização não se resume a ordenar requisitos; é uma ferramenta estratégica para alinhar expectativas e restrições aos objetivos do projeto.
OBJETIVOS DA PRIORIZAÇÃO
Maximizar o Valor Entregue: Focar nos requisitos que trazem maior valor ao negócio ou ao cliente.
Gerenciar Restrições: Muitas vezes, as necessidades levantadas excedem os recursos disponíveis (esforço, prazo ou orçamento). A priorização permite adaptar o escopo para que ele se mantenha viável dentro dessas limitações.
Resolver Conflitos: Em projetos com múltiplos stakeholders, é comum que haja solicitações conflitantes ou concorrentes. Nesses casos, a priorização exige:
Negociação Eficaz: Dialogar com as partes envolvidas para entender as necessidades e encontrar soluções que atendam aos objetivos do negócio.
Alinhamento de Visões: Tornar coerentes as perspectivas dos diversos usuários e clientes.
Decisões Estratégicas: Optar por implementar um requisito em detrimento de outro ou buscar soluções híbridas que conciliem diferentes demandas.
PRIORIZAÇÃO NO CONTEXTO ÁGIL
Nos métodos ágeis, como o Scrum, a priorização é uma atividade recorrente. Cada interação com o Product Owner para formar o backlog da sprint envolve definir quais requisitos possuem maior valor para implementação naquele momento. Esse processo é dinâmico e baseado em colaboração contínua, com reavaliações a cada sprint para refletir mudanças nas prioridades ou no contexto do projeto.
DESAFIOS NA DELIMITAÇÃO DO ESCOPO E PRIORIZAÇÃO
Consumo de Recursos por Requisitos Não Funcionais - RNFs frequentemente consomem grande parte do tempo e recursos de implementação. É essencial comunicar ao cliente o tamanho e a complexidade de cada requisito para que ele entenda as implicações e possa tomar decisões bem fundamentadas.
Incapacidade de Previsão Precisa de Recursos – No contexto ágil, a produtividade e a velocidade da equipe nem sempre são conhecidas ou facilmente previsíveis. Essa incerteza dificulta a estimativa do número de requisitos ou histórias de usuários que podem ser implementados em cada iteração, tornando o processo de priorização mais complexo e desafiador.
TÉCNICAS DE PRIORIZAÇÃO DE REQUISITOS
Diversas técnicas excelentes e práticas podem apoiar o processo de priorização. Alguns exemplos são:
Esquema Simples - Classificação básica em categorias como Essencial, Condicional e Opcional.
Método MoSCoW - Priorização em quatro níveis: Must Have (deve ter), Should Have (deveria ter), Could Have (poderia ter) e Won’t Have (não terá por enquanto).
Analogia de Dinheiro - Stakeholders recebem uma quantidade fictícia de dinheiro para "investir" nos requisitos que consideram mais valiosos. Ajuda a identificar prioridades do ponto de vista do cliente.
Modelo de Kano - Classificação de requisitos em: Obrigatórios, Desejáveis, Atributos de Encantamento, Indiferentes e Reversos.
Cada técnica oferece uma abordagem específica para lidar com diferentes contextos e necessidades do projeto. A escolha da técnica ideal depende do perfil da equipe, do cliente e da natureza do projeto.
PRIORIZAÇÃO COMO APRENDIZADO E MUDANÇA CULTURAL
O processo de priorização também é uma oportunidade de aprendizado para todos os envolvidos. Muitas vezes, os clientes acreditam que todos os requisitos têm a mesma prioridade. Cabe à equipe técnica orientar e colaborar para que haja uma compreensão clara sobre o valor e a viabilidade de cada requisito, promovendo uma cultura de transparência e colaboração.
Além disso, a priorização ensina os stakeholders a valorizar os objetivos estratégicos e as restrições do projeto, criando um ambiente de trabalho mais produtivo e alinhado.
CONCLUSÃO
A priorização de requisitos é uma prática essencial que impacta diretamente o sucesso de um projeto. Ao utilizar boas práticas, gestores podem não apenas aumentar a eficiência e a eficácia do projeto, mas também fomentar uma cultura de colaboração e aprendizado contínuo.
Utilizando técnicas apropriadas e envolvendo os stakeholders de maneira colaborativa, é possível alinhar expectativas, otimizar recursos e garantir que as funcionalidades entregues tragam o máximo valor para o negócio. Independentemente da técnica escolhida, o foco deve estar sempre nas necessidades reais do negócio e dos usuários, com flexibilidade para se adaptar a mudanças e aprender continuamente ao longo do processo.